(from Little Peanut Magazine)
Ao longo dos anos, já conheci irmãos que, andando na mesma escola, não se falam fora de casa, irmãos que na escola são inseparáveis e em casa não se falam, irmãos que são inseparáveis quer em casa quer na escola, irmãos que se sentem menos amados pelos pais em relação aos outros, irmãos que se sentem mais especiais do que os outros, irmãos que desejavam não ter irmãos e irmãos que desejam ter ainda mais irmãos!
Qualquer que seja o caso, nunca me canso de repetir que o mais importante, é, quer em casa, quer na escola, todos os irmãos receberem, da forma mais igual possível, a mesma quantidade de atenção.
Há poucas coisas mais desoladoras emocionalmente do que ouvir uma criança dizer que sente que os pais gostam mais do irmão ou da irmã.
Se lhes perguntamos por que é que sentem isso, têm várias respostas na ponta da língua (estavam lá todas guardadas à espera que alguém perguntasse e se pudessem soltar).
"O meu irmão tem melhores notas do que eu", "O meu irmão joga futebol. Eu não... E o meu pai adora futebol", "O meu irmão tem asma e por isso os meus pais estão sempre só preocupados com ele", "O meu irmão ainda é muito bebé."
Acreditem: as crianças absorvem tudo. Absorvem todas as pequenas subtilezas do quotidiano. Às vezes, absorvem coisas que interpretam de maneira muito errada.
Às vezes, tomam a preocupação dos adultos em relação a um irmão com algum problema ou com alguma necessidade constante (o caso dos bebés por exemplo), como os pais gostarem mais daquele filho e claro que não se trata de gostarem mais desse filho: estão apenas focados em ajudar ou em fazer o que é preciso ser feito: mudar fraldas constantemente, ver o biberão, telefonar a marcar consulta com o pediatra, ir à farmácia ver de outros cremes que não façam alergias de pele... Na correria do dia-à-dia, de repente ajudar um filho que precisa sabendo que os outros estão bem, não parece grave, pois não? E não é... Mas... Há crianças que sentem essa diferença.
Muitas vezes, é difícil este equilíbrio de dar a mesma atenção e a mesma dedicação a todos os filhos de maneira igual... Mas é fundamental que exista equilíbrio. Os pais não são robots. São pessoas humanas, com limitações. Mas o que não se consegue num dia, consegue-se no dia seguinte ou no fim-de-semana, com uma atenção mais individualizada.
Por vezes, tudo se resolve com perguntarem algo específico da escola "A que é que tu e o Jaime jogaram no intervalo de ontem?" ou com gabarem algum feito particularmente importante para a criança ou ainda dizer honestamente à criança: "Andámos numa correria ontem e hoje e ainda não tivemos quase tempo de falar. No sábado vamos lanchar e pôr a conversa toda em dia."