sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

"You've got a friend in me!"

(from Dolce & Gabbana) 


Por vezes os adultos têm alguma tendência inconsciente de desvalorizar as amizades entre crianças, achando-as passageiras e pouco profundas. 
É natural, porque nós, como adultos, estamos habituados a uma complexidade de emoções nos nossos relacionamentos que parece anos luz da complexidade dos relacionamentos das crianças umas com as outras. 
Afinal de contas, se uma amizade que temos há vinte anos acabar damos por nós sem saber muito bem o que fazer e como é que tudo aconteceu e de repente, vemos as crianças a zangarem-se na quinta-feira e na sexta-feira inseparáveis. 

Porém, há que dizer, a amizade que as crianças criam umas com as outras não são nem menos emotivas, nem menos profundas do que as que nós, adultos, estabelecemos com outros adultos. A diferença está exclusivamente no facto de as crianças terem ainda uma capacidade muito grande de relativizar, ao passo que nós, adultos, já vivemos tanta coisa, que temos tendência a imprimir muita seriedade a algum acontecimento negativo. 

As crianças, regra geral e se não se tratar de algo mais grave, vivem mais no presente. São, por isso, mais felizes e mais equilibradas. Nós, adultos, temos uma tendência terrível para viver mais no passado e no futuro. 

Não quer isto dizer que as crianças, como expliquei, não sintam as coisas com a mesma intensidade que nós adultos. Sentem. Sofrem tanto ou mais que nós... Mas escolhem viver mais no presente. Não é por acaso que, quando éramos pequenos, um mês parecia um ano inteiro. O tempo demorava... Um dia inteiro na escola parecia um mês. Era o presente. O presente onde vivíamos. 

Acho que podemos (e devemos) aprender isto com as crianças: viver mais no presente. 

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