domingo, 9 de julho de 2017

A birra monumental no meio do shopping

(from Pinterest)


O caso repete-se tantas vezes que já o posso descrever de cor e salteado:

1) a criança vê um brinquedo ou doce que subitamente quer
2) o pai/mãe/avó/avô ignora
3) a criança insiste cada vez mais alto já com as mãos no brinquedo/doce
4) o pai/mãe/avó/avô diz que não vai comprar
5) a criança grita, gesticula e faz comentários inacreditáveis para uma criança da sua idade
6) o pai/mãe/avó/avô acaba por comprar o dito brinquedo/doce OU acaba por comprar um diferente mais barato

No fundo, no fundo, estão a fazer algo do género: estás tão insuportável que pronto, toma lá o camião do mickey e vamos andando que tenho o jantar para fazer.

Trocado por miúdos: Valeu a pena gritar. Para a próxima grito mais alto ou então choro um bocadinho com mais força, se calhar conseguia o super camião do mickey.

O que fazer, então? 

Regra número 1: Nunca, jamais, em tempo algum, voltar com a palavra atrás. Se foi dito à criança que o brinquedo não vai ser comprado, o brinquedo não pode ser comprado, sob circunstância nenhuma.
O adulto deve distrair a criança com outros assuntos. O ideal é sair da loja ou do lugar, para que a criança perceba que não vale a pena continuar com a pressão psicológica.
Se nos apetecer muito uma fatia de um bolo de chocolate e estivermos à frente do bolo, vamos pedi-lo e insistir. Se nos levarem para longe do bolo, a probabilidade de querermos insistir para que nos ofereçam uma fatia do dito bolo que ficou lá atrás é muito menor... Posto isto: sair do lugar e explicar o porquê de o brinquedo não ter sido comprado "este mês não podemos gastar mais dinheiro, fica para outro mês quando pudermos" ou "hoje não te portaste bem, fica para a próxima vez".

Regra número 2: Nunca, jamais, em tempo algum, tentar evitar a birra da criança, comprando outra coisa qualquer. Não, não e não. A vida real não é assim. Educar uma criança é também ajudá-la a adaptar-se à vida real. Não temos de receber presentes sempre que nos apetece receber ou sempre que pedimos. Ponto final.

Regra número 3: Não prometer à criança que se parar com a birra, recebe o brinquedo. Não prometer nada. O brinquedo não pode ser comprado por este ou aquele motivo. Ponto final.

Esta regra é especialmente importante pois quando prometemos a alguém que se parar com um mau comportamento, lhe damos algo, estamos a ensinar a pessoa a agir bem só quando recebe alguma coisa em troca.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Protetor solar para crianças: qual escolher?

(from Mrs Fields)


Já todos o sabemos e no entanto, há sempre uma primeira vez para um escaldão. Parece inevitável. Mas não é.

Os escaldões são perigosos. Esta é talvez a informação mais repetida todos os anos por todo o lado... Mas será que a maioria dos pais tem uma noção real do quão perigoso pode ser um escaldão?

Um escaldão não faz estragos só na "pele". Na realidade, um escaldão causa uma inflamação mais profunda, pelo que não basta a pele cair e nascer uma nova pele para tudo estar resolvido.

Os estragos de um escaldão podem surgir por exemplo vários anos depois do dito dia de praia e se surgirem, não trazem nada bom.

Por isso, é fundamental seguir religiosamente 3 regras de segurança para as crianças:


  1. Não estar ao sol (muito menos na praia) nas horas de maior calor. Chega a ser quase criminoso deixar crianças na praia (mesmo que debaixo do chapéu) ao meio-dia ou à uma da tarde, com o pretexto do "mas está à sombra". A "sombra" não protege assim tanto e o calor excessivo provoca desidratação e choques térmicos nas crianças. 
  2. O FPS do protetor é importantíssimo, mas mais importante ainda é a quantidade de vezes que se põe o protetor. Não basta pôr o protetor 1 vez e achar que a criança está segura até às seis da tarde...
  3. Água, água, água: as crianças (e os adultos) em clima quente têm obrigatoriamente de beber muita água. A nossa pele precisa de água para estar hidratada e não envelhecer prematuramente

Qual o protetor solar melhor? É difícil dizer, primeiro porque depende do tipo de pele da criança e depois porque o que funciona bem numa pessoa não funciona bem noutra. No entanto, é sempre bom fiarmo-nos mais em estudos e menos em "publicidade". 

Segundo um estudo da Deco, eis alguns exemplos dos aparentemente melhores protetores do mercado:







A "meia hora extra" de recreio no 1º ciclo (explicada)

(from Gap Kids)

Começaram a aparecer um pouco por todo o lado notícias repetidas de que, a partir de setembro, os alunos do 1º ciclo do ensino básico terão direito a meia hora extra de tempo de intervalo.

Mas o que é que isso significa, trocado por miúdos? 


Significa que a partir de setembro, essa meia hora extra de tempo passado fora da sala de aula está incluída no conjunto de 5 horas diárias de componente letiva (aulas) do professor. Assim, em vez de as 5 horas serem passadas a ensinar e a dar aulas, o professor ensina durante quatro horas e meia. 

Como essa meia hora de intervalo vai contar como "tempo de aulas", é como se o professor estivesse na sala de aula com os alunos, sem estar, durante essa meia hora.

Mas isso significa que os alunos ficam com um super intervalo a meio da manhã ou a meio da tarde? 

Não. Significa que os alunos em vez de terem 5 horas de aulas, passam a ter quatro horas e meia de aulas. 

Posto isto, os horários vão ser "redesenhados". As hipóteses até agora avançadas são: 

  1. As aulas passariam a começar meia hora mais tarde do que o normal
  2. O horário de almoço passaria a ser de 2h (em vez de ser de 1:30h) 
  3. As aulas passariam a acabar meia hora mais cedo do que o normal 

terça-feira, 4 de julho de 2017

Livros para as férias grandes




As férias grandes chegaram e com elas chegaram os comentários: "não há nada para fazer" e os suspiros profundos depois de umas poucas horas em casa a ver televisão.
Por isso e porque, felizmente, o número de crianças e jovens que gostam de ler tem crescido, deixo-vos uma lista (certamente incompleta) de algumas leituras divertidas e adequadas a cada faixa etária. 

Já dizia a escritora Luísa Ducla Soares, o livro é mesmo "um amigo para falar comigo" e neste caso, com eles. 

Alunos do 1º ciclo do ensino básico: 

Alunos do 2º ciclo do ensino básico:

Alunos do 3º ciclo do ensino básico:







sábado, 1 de julho de 2017

Nunca se chumbou tão pouco... MAS PORQUE SERÁ?

(from Paperchase)


Li uma notícia que, em 16 anos, nunca se chumbou tão pouco, de uma forma geral, como no ano letivo passado. Quem lê de relance a notícia, atento ao estado geral do país e do mundo, fica com a sensação que o ensino, de uma forma geral, melhorou.

Há menos chumbos... Talvez isso signifique que a qualidade das aulas está melhor, que os professores estão mais motivados, que os alunos estão mais estudiosos, que afinal de contas, as salas de estudo que aparecem como cogumelos numa floresta um pouco por toda a parte estão a dar frutos...

Só que... Não.

Vamos por partes e com muita calma, que assuntos destes assim o exigem. Importa fazer a pergunta que não quer calar: por que é que há muito menos chumbos? 

Qual o verdadeiro motivo? Quem não vive dentro das teias do ensino e não está habituado a movimentar-se entre elas, não tem uma noção real do que se passa nos bastidores das reuniões de professores e das diretrizes que os agrupamentos gostam de fazer chegar aos professores.

Quem é professor, porém, sabe isto tão bem como quem escova os dentes ao fim de um dia de cansaço em piloto automático ou como quem pedala uma bicicleta, se tudo o que fez na via foi pedalar:

Para chumbar, hoje em dia, um aluno, é preciso quase enviar um requerimento ao Papa, porque de outra forma, são arranjadas todo o tipo de opções e soluções para que não se chumbe o aluno.

E porquê? Podem vocês perguntar-se: porque assim, as taxas de retenção diminuem e isso significa bons resultados: os agrupamentos estão a fazer um excelente trabalho, o país está excelente.

Só que... Não.

Eu, que em tempos idos já muito me debati para que não chumbassem este ou aquele aluno pois considerava que tinham capacidades para prosseguir para o ano seguinte e que chumbar não os ajudaria em absolutamente nada... Eu: a defensora de que, por vezes, não adiante nada chumbar um aluno... Eu, até eu! Até eu acho que se caiu num exagero tremendo, em que ninguém chumba.

Há alunos em que chumbar não os ajuda. Vamos supor um jogador de futebol de uma escola de bairro. Já está cansado de treinar sempre os mesmos passos, já os sabe de cor, mas por algum motivo, não os faz bem.
Retê-lo sempre no mesmo nível vai desmotivá-lo e nem sequer o vai fazer melhorar nos mesmos passos, que ele já sabe. Vai fazê-lo estagnar. Talvez indo para o nível seguinte, consiga absorver outras técnicas e consiga preencher as lacunas daquele passe que ele não conseguia fazer.


Mas hoje em dia, não interessa que o aluno nem saiba ler ou contar, chega ao sexto ano à mesma. Ou ao sétimo até. Não sabe ler nem interpretar textos, não consegue responder a perguntas de testes de avaliação...
Mas insistem que para o ano é que aprende, quando o grau de exigência é cada vez maior.

Este aluno é o jogador da escola de bairro que não sabe sequer o passe. Como se faz, quando se faz, porque é que se faz. Não o sabe sequer, por isso não o pode treinar sozinho. E querem pô-lo em níveis superiores.

É mais ou menos como pô-lo a jogar futebol na seleção nacional, sem nunca ter conseguido sequer marcar um golo lá nos tempos de escola de futebol do bairro.

É mais ou menos isso.
As escolas de futebol do bairro ficavam com fama de terem feito chegar centenas de jogadores à seleção nacional. Só há o pequeno pormenor de os jogadores não conseguirem sequer jogar. Mas o que interessa é que chegaram à seleção nacional... Não é?



domingo, 21 de maio de 2017

Como funciona uma escola no... JAPÃO?

(from Tumblr)

Quem me conhece sabe que adoro viajar e conhecer novas culturas. Se não puder ir eu lá, então que alguém me conte tudo ao pormenor, que eu vou buscar comida, água e mantas para ouvir tudo sem me cansar.

Assim, tendo eu amigos professores em todos os cantos do mundo, decidi criar aqui uma espécie de "série" chamada Como funciona uma escola no... (lugar)?

Apresentada a ideia, vamos ao que interessa: como funciona uma escola no Japão?

As escolas japonesas, na sua maioria, têm regras que não existem só para dizer que há regras... Elas são mesmo para ser cumpridas.

E algumas dessas regras, são:

- Em algumas escolas, não é permitido ter as unhas pintadas com verniz
- Em algumas escolas, não é permitido ter o cabelo pintado
- Em algumas escolas, não é permitido usar maquilhagem
- Não é permitido usar telemóvel dentro da escola (algumas escolas - pouquíssimas - permitem)
- Em algumas escolas, não usar porta-chaves presos à mochila/estojo
- Em algumas escolas, não é permitido usar o cabelo apanhado acima das orelhas
- Na maioria das escolas, não é permitido levar pacotes de doces ou salgados para a escola
- Na maioria das escolas, não é permitido levar Ipod, consolas de jogos...
- Na maioria das escolas, não é de todo permitido correr nos corredores da escola, mesmo que a pessoa esteja muito atrasada
- Em algumas escolas, não é permitido usar perfume
- Na maioria das escolas, os pais não podem levar os filhos à escola (há um local conhecido por vários pais onde as crianças devem encontrar-se de manhã... Assim, vão todas juntas (sem os pais presentes). Sim, mesmo crianças pequenas da escola primária.)
- Normalmente o horário escolar diariamente é das 8h às 15:30h
- Quando chegam, os alunos levantam-se, cumprimentam o professor com uma pequena vénia e só depois começa a aula
- À hora de saída, os alunos levantam-se, agradecem ao professor o professor ter dado a aula e só depois saem
- Al almoço, são as crianças que servem o almoço (que é enviado por empresas) aos seus colegas
- Os alunos limpam as salas de aula, as casas-de-banho e os corredores
- Os pais, em algumas escolas, são chamados à escola uma vez por ano para limparem os jardins da escola
- Na maioria das escolas, não existem máquinas de bebidas nem snacks. Os alunos comem exclusivamente refeições saudáveis enviadas por empresas alimentares
- Mais ou menos duas vezes por ano, há visitas de estudo que incluem as crianças dormirem fora
- Em muitas escolas, os manuais escolares (não incluindo os livros de exercícios) são dados pela escola



Como é o calendário escolar das escolas no Japão? As aulas também começam em Setembro?

Não O ano escolar no Japão começa em Abril e acaba em Março.


Ichigakki (Início do Ano Letivo, ou como se fosse o 1º Período): abril a julho – em julho os alunos têm as férias de verão de 6 semanas

Nigakki (Como se fosse o 2º Período) setembro a dezembro – sendo que em dezembro há uma pausa escolar de 2 semanas.

Sangakki (Como se fosse o 3º Período) janeiro a março – sendo que em março há uma pausa escola de fim de ano letivo

Quais os sapatos usados dentro da escola? 

A maioria das escolas pede aos alunos que usem uns sapatos específicos, chamados de uwabaki,  com o objetivo de todos os alunos estarem vestidos e calçados de maneira semelhante e também para prevenir que os alunos sujem os corredores das escolas com os seus sapatos/ténis de rua. Os uwabaki  geralmente são assim:

(from Wikipédia)



E como é o uniforme escolar? 

Dependendo da escola e do pedido, há alguns estilos diferentes de uniforme.

Como são as casas-de-banho nas escolas Japonesas? 

Depende das escolas e claro, depende das áreas da escola. Há escolas que têm para os professores e funcionários uma casa-de-banho igual à ocidental típica e depois têm, para os alunos, este tipo de casa-de-banho:

(from Sora News 24)


No entanto, há escolas que têm as casas-de-banho típicas ocidentais quer para professores, quer para alunos.

Os alunos e os pais levam muito a sério o sucesso escolar? 

Sim, sem dúvida. A cultura japonesa considera a educação importantíssima, pelo que muitos pais esperam dos filhos resultados brilhantes.

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Crianças criticadas e excessivamente críticas: porquê?

(from Little Circus shop)

Há muitos e muitos anos que os seres humanos se tornaram críticos. O desenvolvimento do raciocínio permitiu precisamente o sentido crítico, a comparação e mais tarde, o julgamento. 

Todos os dias, fazemos pequenos julgamentos, comparações e críticas mentais. É inevitável.

Se analisarmos as gerações de crianças que se vão seguindo ao longo dos tempos, vemos que as crianças sempre foram criticadas e críticas. Não é, portanto, um mal de agora. Mas estas últimas turmas, de crianças nascidas desde 2000, são especialmente críticas... E porquê? 

O que tanto criticam estas crianças? 

Para começar... Muitas coisas. 

"Ai professora, sabe o que é... Ele não gosta de nada..." dizem-me as mães todos os anos. 

Este tipo de criança passa as horas na escola ora a criticar o trabalho dos colegas: "eii, que desenho esquisito", a criticar a escola "esta escola também não tem nada de divertido para fazer no intervalo" ou a criticar os outros "o João passa a vida a olhar para mim"

E qual é o objetivo destas crianças? 

"Sabe Deus" respondem as mães e os pais. 

Posto isto, há 2 perguntas fundamentais a fazer:

1) A criança tem acesso a vários brinquedos, festas onde se pode divertir, tempo em família, tendo de uma forma geral o que ambiciona: passeios, comidas preferidas, brinquedos e elogios perante todos os seus feitos: notas escolares (independente da nota, desde que seja positiva), jogos onde vence, coisas engraçadas que diz, etc? Ainda assim, não gosta de quase nada?

2) A criança não tem acesso a muitos brinquedos, nem tão pouco tem passeios ou momentos de diversão regulares, porém, nunca gosta de quase nada?

Porque se a criança é do tipo 1: 

O problema está em que a criança, por ter acesso a tanta coisa, deixou de conseguir achar graça a várias outras coisas. Isto é muito comum nos dias de hoje, com todo o acesso que temos a quase tudo. E a culpa não é das crianças nem propriamente dos pais que tentam dar o melhor aos filhos. É mesmo do excesso de informação e de coisas ao nosso redor. Vivemos atolados de tudo. Em que tudo é fácil. 
É como oferecermos um passeio de carro por Sintra a uma pessoa que está habituada a viajar de avião para os lugares mais incríveis do mundo. Não é que o passeio a Sintra não seja lindo (e se calhar ainda melhor do que um passeio para outro lugar do mundo) mas a fasquia da pessoa encontra-se elevada de forma irracional. É um hábito. É como estarmos acostumados a ir trabalhar de carro, com ar condicionado no pico do verão e de repente nos dizerem para irmos de bicicleta a pedalar à torreira do sol.

A verdade é que se calhar não vamos querer ir de bicicleta a suar rua acima, mas é importante que nos "sujeitemos" às circunstâncias com alguma "elegância", que é como quem diz, fazer o que tem de ser feito, sem nos tornarmos em pessoas irritadas e irritantes.

Os pais podem tentar, aos poucos, fazer a criança esperar ou esforçar-se por algo. Se a criança quer muito um passeio num parque de insufláveis, seria por exemplo a sua prenda por uma boa nota escolar. Se a criança quer muito um conjunto de lego que é especialmente caro, explicar que para já, os pais não o podem comprar (mesmo que possam comprar, note-se!), pelo que terão de "juntar o dinheiro" até poderem: e estipular um prazo mais comprido, não dando algo "em troca", para que a criança perceba que sim, não vai receber nada para já, mas que, se esperar, terá o que ela realmente quer e não algo substituto.

Dar algo em troca, embora acalme a criança no momento, serve para criarmos na criança a sensação de que se insistir demasiado, consegue algo (pode até nem ser o carro a pilhas topo de gama da patrulha pata, mas acaba a receber o boneco da patrulha pata que balançava pendurado junto às caixas de pagamento). 


Se a criança é do tipo 2: 

O problema pode estar no facto de a criança não ver graça nas coisas por não se sentir verdadeiramente importante. Quer isto dizer que a criança se sente indiferente ou amedrontada no mundo.
Os pais devem, de alguma forma, dar mais atenção à criança, perguntando-lhe diariamente pela escola e fazendo um esforço para criar jogos de família com desafios, em que a criança consiga vencer e se sinta capaz e feliz, para que entenda que há atividades que são giras e que só o saberemos se as experimentarmos. 

Seja como for, convém lembrar que nenhuma criança nasce excessivamente crítica. A noção que a criança tem do mundo e das coisas é construída tendo por base o que ela vive e sente ao longo da infância.
E, por vezes, uma criança crítica não se enquadra nos exemplos acima e é, apenas e somente, uma réplica de um adulto excessivamente crítico com quem convive regularmente... 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Afinal, o que é um Spinner? Quem o criou? E porquê?


(from Wtop)

Os Spinners passaram as fronteiras dos Estados Unidos e chegaram em força à Europa... E como não podia deixar de ser, tornaram-se na nova grande moda também por cá, em Portugal. 

O que é, afinal de contas, um Spinner? 

Um Spinner é um brinquedo que gira como um pião, perante um impulso. Basta, no caso do Spinner, dar um impulso a um dos seus "braços" e ele ficará a girar durante mais ou menos 2 minutos. A grande diferença do Spinner para o pião é a base. Um pião facilmente tomba para o lado, quando perde velocidade. O Spinner, se em cima de uma superfície plana, não tomba. Ficará a girar até parar. 

Em que cores existe um Spinner? 

Todas as possíveis e imaginárias... Até porque, um pouco por todo o mundo, há pessoas a desmontar os Spinners e a pintá-lo livremente com tinta em spray. 

Quanto custa um Spinner? 

Depende dos locais de venda, obviamente... Mas nas lojas de rua, custa cerca de 5€. Nas lojas em shoppings pode chegar aos 9€. Na internet, Spinners especiais com luz, brilhos ou cartoons, podem chegar aos 40€. 

Qual a história por detrás do Spinner? Quem o criou e porquê? 

O protótipo do Spinner foi criado no início dos anos 1990, por Catherine Hettinger. Tudo começou com uma doença: Catherine sofria de Miastenia grave (que é uma doença neuromuscular que causa muitos problemas nos músculos, além de provocar fraqueza geral). Catherine relembra a fase em que criou o Spinner como um verão horrível, devido aos problemas que a doença lhe trouxe. Para além de ter de lidar com a doença, Catherine tinha também de tomar conta da filha, Sara. 

Como Catherine não conseguia mexer-se bem, não conseguia pegar nos brinquedos da filha de forma a brincar com Sara. Isso entristecia-a. Lembrou-se então de tentar fazer algo com que ambas pudessem brincar. 

Juntas, criaram o que viria a ser o Spinner. Tanto Catherine como Sara conseguiam girá-lo, pelo que já se podiam divertir juntas. 

Por que é que o Spinner é associado em algumas notícias a Autismo e Défice de Atenção? 

Porque, há alguns anos atrás, o spinner foi considerado o brinquedo perfeito para que crianças com autismo ou défice de atenção se sentissem mais concentradas e menos ansiosas. 
Essa teoria, porém, tem sido muito apoiada e muito contrariada... Pelo que faltam evidências científicas. 

Como é que o Spinner foi criado há tanto tempo e só agora teve o seu boom mediático? 

O Spinner surgiu num artigo da Forbes (revista de negócios e economia) como um dos brinquedos a ter no ano de 2017!

A criadora do Spinner terá ficado rica com tantas vendas pelo mundo inteiro? 

Não... Muito pelo contrário... Infelizmente, Catherine só conseguiu pagar a patente até 2005 (ou seja, pagou a patente durante 8 anos). 

No ano de 2005, como não tinha maneira de pagar os 400 dólares da patente, perdeu a patente. Assim, Catherine não tem qualquer direito legal. 

A criadora garante, porém, que se sente feliz por ver o sucesso da sua criação. 





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domingo, 23 de abril de 2017

Vem aí o 25 de Abril!

(from Primark)


Ensinar às crianças o 25 de Abril não é só importante, como é necessário. É preciso que compreendam, ainda que de uma maneira pouco aprofundada, o que aconteceu, porque é que aconteceu, como era a vida antigamente... Como passou a ser a sociedade.


domingo, 16 de abril de 2017

Feliz Páscoa! (mas o que é a Páscoa? Porquê os ovos de chocolate?)

(from Waitrose)



Hoje, sendo Domingo de Páscoa, faz sentido perguntarmo-nos sobre a verdadeira história e as diversas tradições da Páscoa e mais sentido faz explicarmos isso às crianças.

Porque é que certas tradições são como são? Porque não comermos quadrados de chocolate em vez de ovos? Porque é que existe a sexta-feira santa?

Vamos então por partes e explorar um bocadinho deste assunto, que acho que tem tanto de interessante como de importante:

O que é a quinta-feira santa?

A quinta-feira santa corresponde ao dia da última ceia (refeição) de Jesus com os seus apóstolos (grupo de 12 pessoas que seguiam os ensinamentos de Jesus e levavam a mensagem de Jesus por todo o mundo).

É na quinta-feira santa que acontece uma cerimónia chamada Lava-Pés, onde por exemplo o Papa lava os pés de diferentes pessoas, como Jesus fez durante a última ceia.

O que é a sexta-feira santa? 

A sexta-feira santa corresponde ao dia em que Jesus foi crucificado (no ano de 33 d.C.) É, por isso, um dia que identificamos como o dia em que Jesus morreu no Calvário (local onde Jesus morreu: uma espécie de colina perto de Jerusalém).

E Sábado, não tem nenhum nome concreto? 

Tem. Ao sábado que segue a sexta-feira santa chamamos de Sábado de Aleluia, que é conhecido como o dia de descanso, isto porque o corpo de Jesus "descansava" sepultado no túmulo.

O que é o Domingo de Páscoa? 

O domingo de Páscoa é chamado também de Domingo da Ressurreição porque foi no domingo que Jesus retomou à vida, ascendendo depois ao céu e ficando à direita "do seu Pai" (esta teoria é chamada de Sessão de Cristo).

Porquê ovos de Páscoa?

Há muitos muitos anos atrás (ainda antes do Cristianismo), os ovos eram símbolos que significavam fertilidade e renascimento. Eram, por isso, um símbolo positivo. Com o Cristianismo, os cristãos começaram a associar o ovo (renascimento) com a ressurreição de Cristo.

Assim, as pessoas começaram a arranjar ovos de galinha, esvaziavam-nos e quando já estavam secos e vazios, pintavam-nos com cores alegres (para expressar a alegria da ressurreição de Cristo).

Em Inglaterra, o rei Eduardo I oferecia ovos banhados em ouro a algumas pessoas. Em França, o rei Luís XIV oferecia ovos de madeira, porcelana ou até metal, pintados com cores vibrantes. Mais tarde, ainda em França, o rei Luís XV ofereceu a Madame du Barry um ovo gigante, dentro do qual estava escondida uma estátua do cupido.

Esta ideia de pôr presentes dentro dos ovos teve início assim. Os pasteleiros franceses foram mais longe e começaram a encher os ovos de galinha vazios com chocolate, o que agradou imenso à grande maioria das pessoas!

Porquê o coelhinho da Páscoa? 

Como os coelhos são animais que têm grandes ninhadas, são também símbolo de nascimento e fertilidade.
A tradição do coelho da Páscoa foi introduzida pelos alemães entre o final do século XVII e o século XVIII.


E pronto! Uma Boa Páscoa a todos!

terça-feira, 11 de abril de 2017

Lapiseiras: a partir de que ano?

(from Cool Pencil Case)


Não há criança que nunca tenha desejado experimentar escrever com uma lapiseira. Verdade seja dita, todo aquele processo de carregar nos botões, a borrachinha pronta a usar... Enfim, é apetecível.

Mas a partir de que idade devem as crianças começar a usar lapiseira? Bem, eu diria que quanto mais tarde melhor... Mas sobretudo, só a partir do 5º ano. De preferência, a partir do 6º ano.

Lapiseiras no 1º ciclo, para mim, estão fora de questão. Durante os 4 anos do 1º ciclo, o lápis serve precisamente para treinar a escrita e a motricidade fina... Além de que têm muitos anos pela frente para experimentar lapiseiras de todas as cores e feitios!

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Quais os melhores livros de apoio escolar?

(from Etsy: Letter c design)


Depois de me deparar com dezenas e dezenas de manuais escolares e livros de apoio, acabei por ir fazendo uma lista de preferências das quais agora já é difícil sair. 



domingo, 9 de abril de 2017

Há livros sobre tantos temas: e livros sobre ADOÇÃO?

(from Pepe Jeans) 


Será que existem livros sobre adoção? Existem pois. Resta saber se são diversificados e se oferecem diferentes pontos de vista. Dos livros de adoção que conheço, o livro para crianças sobre adoção que mais vejo à venda é: A família de Flora, da editora Girassol.

Embora seja um livro com um ponto de vista particularmente carinhoso, sinto que faltam mais livros com diferentes pontos de vista. Afinal de contas, nem todas as adoções correm como a que é abordada no livro... Sinto que faltam mais livros... Sobretudo, livros que abordem as dificuldades que a criança passou na família biológica e o sofrimento do qual é preciso recuperar.

Quanto a livros para adultos, sei que existem:

Abandono e Adopção (Eduardo Sá e Maria Clara Sottomayor) Editora: Almedina

Criança no Processo de Adopção (Manuel Matias, Mauro Paulino) Editora: Prime Books

A Aventura da Adopção (Karen Foli, John Thompson) Editora: Estrela Polar

Não nasci da minha Mãe (Filipa Costa Pereira) Editora: Coisas de Ler

A filha do Ganges (Asha Miró) Editora: Edições Duarte Reis

Life Story Books for Adopted And Forested Children (Joy Rees) Editora: Jessica Kingsley Publishers


sexta-feira, 7 de abril de 2017

Elogios familiares: enough is enough

(from H&M) 



Sempre defendi a importância da família elogiar a criança nos momentos certos. Uma criança precisa de incentivos positivos, precisa de elogios às suas boas ações e precisa de sentir que as suas qualidades são admiradas e elogiadas. Porém, por vezes, demasiados elogios (e principalmente nos momentos errados) fazem das crianças seres com uma auto-estima desmedida e monstruosa, que vai engolindo tudo pelo caminho por onde passa.

E a que momentos errados me refiro eu?

- quando a criança diz algo desagradável ou cruel e os adultos se riem
- quando a criança se torna sarcástica e os adultos acham piada a isso
- quando a criança imita os adultos na maneira de falar/mandar/opinar e os adultos acham piada
- quando a criança estraga alguma coisa e os adultos ignoram
- quando a criança é mal educada ou agressiva para os pais e os pais tentam ignorar para não se chatearem
- quando a criança está obviamente a incomodar pessoas terceiras num café, num restaurante, numa loja, num avião (etc) e os adultos não só ignoram, como ainda reagem mal quando outras pessoas se queixam, justificando que "são crianças"

Que fique bem claro, para qualquer pai, mãe, encarregado de educação: ignorar um problema é torná-lo maior.

Ignorar os gritos, as resmunguices, as birras ou as más ações das crianças nunca dá bom resultado. As crianças, como qualquer ser que vive em sociedade, precisam de conhecer os seus direitos, os seus deveres, os seus limites e as regras.

Retirar da vida de uma criança os limites  e não lhe explicar as regras básicas de respeito mútuo é torná-la inapta no mundo. É dar-lhe uma sentença de fracasso.

Como podemos nós jogar um jogo e sermos vencedores se nunca nos disserem sequer as regras do jogo?


Conhecem o provérbio "Mais vale ser do que parecer"?

(from H&M)


Pois é, neste mundo, mais vale ser algo de positivo do que parecer... E nas salas de aula, não é exceção.

Nos últimos anos, com as redes sociais, fui assistindo a um aumento exponencial dos professores que partilham, no Facebook por exemplo, fotografias da sala de aula todos os dias (ou praticamente todos os dias).

Partilhar as atividades de sala de aula tem três pontos muito positivos:

1) permite que os encarregados de educação tenham uma ideia clara do que é feito (acham giro ver os alunos nas atividades, tiram ideias para os fins-de-semana e ainda aproveitam para mostrar aos avós e amigos os feitos das crianças)

2) faz com que os encarregados de educação se sintam de certa forma reconfortados por saberem que tudo corre bem

3) as fotografias de atividades escolares são um conjunto valioso de memórias que qualquer pessoa gosta de guardar

Mas o problema surge quando os professores se tornam inconscientemente mais preocupados com as fotografias e a partilha do que propriamente com as atividades em si e os benefícios das atividades.

Isto acontece facilmente e sem culpa propriamente dos professores, por 2 motivos distintos:

- os professores que usam as redes sociais neste contexto sentem-se de certa forma impelidos a partilhar mais e mais, pois sabem que, ao terem começado as partilhas, provocaram nos pais essa curiosidade latente que depois parece que tem de ser alimentada frequentemente

- os professores caem naquele lugar comum que hoje em dia se vive muito nas redes sociais de "se não foi fotografado é como se não tivesse acontecido"

Paremos para pensar no assunto, pois aqui o cerne da questão não é se é certo ou errado partilhar as atividades escolares. Aqui o cerne da questão é perceber de que forma se faz essa partilha.

Em primeiro lugar deve estar sempre a preocupação pelos benefícios da atividade para a turma. Depois, a atividade em si. Só depois, se houver tempo ou disposição, as ditas fotografias.

Eu, pessoalmente, não concordo que toda e qualquer atividade deva ser documentada, por muito interessante e engraçada que seja, pelo simples motivo de que documentar tudo rouba tempo aos restantes trabalhos.

Pode parecer que não, mas documentar tudo rouba efetivamente tempo... E adivinhem de onde é retirado esse tempo? Será das outras atividades lúdicas? Não. Normalmente esse tempo é retirado da matéria.

Basta vermos que, no nosso quotidiano, como família, não documentamos tudo o que fazemos com uma máquina fotográfica. Fotografamos momentos especiais, claro. Até momentos típicos. Mas será que o fazemos todos os dias? Obviamente que não, porque isso nos limitaria o tempo que temos para tudo o resto que temos de fazer, desde fazer comida, lavar loiça, preparar trabalho...

O mesmo se passa numa sala de aula. Às vezes, os professores têm vinte e cinco alunos numa divisão. Documentar tudo só pela ânsia de partilha e o sentimento de aprovação dos pais acaba por minar completamente o funcionamento normal das aulas... E acreditem: não é tarefa nada fácil fotografar vinte e tal almas que gritam, saltam e fazem caretas ao mesmo tempo. 

Já para não falar dos pais que, obviamente, não querem nem gostam que os filhos apareçam nas fotografias espalhadas pelas redes sociais... Ou dos pais que reparam que, por acaso, o filho deles apareceu duas vezes em quarenta fotografias e que a Maria, o Miguel e a Sandra estão sempre a aparecer.
E depois geram-se aqui problemas que podiam ser evitados. "A professora tem alunos preferidos!" e coisas do género.

Muita atenção com o que é exagerado. Já diz outro ditado, "o que é demais, enjoa".

Eu, pessoalmente, não vejo problema nenhum nos bons old days, em que os professores não precisavam de recorrer a redes sociais para partilhar as atividades em sala de aula.
As fotografias das atividades e dos passeios existiam, sim, mas não eram partilhadas com tanta ansiedade.

Uma boa opção é, caso seja do interesse do pais e dos professores, os professores por exemplo, no fim de cada período escolar, partilharem por email com os pais as fotografias das principais atividades escolares daquele período.

Tudo o resto (muito honestamente) parece-me exagerado.

Mais importante do que tirar fotografias, é estarmos efetivamente presentes.

E olhem que eu sou uma apaixonada por fotografia. Mas neste contexto, perdoem-me se discordam (com todo o direito que têm a isso), acho mesmo que o importante, é os alunos aprenderem, divertirem-se e evoluírem como pessoas. Se existirem algumas fotografias que sejam úteis para documentar esse crescimento pessoal, melhor ainda.


quinta-feira, 6 de abril de 2017

"Professora, este teste era tão fácil"

(from H&M)


Sempre que me dizem isto torço o nariz desconfiada. Diz-me a experiência que, coincidência ou não, sempre que um aluno me diz "Professora, isto era tão fácil" tem negativa ou uma positiva baixa no teste.


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Por que razão os pais não devem dizer mal da escola aos filhos

(from Habitat Kid)



Em tudo na vida há aspetos dos quais gostamos e outros dos quais não gostamos (e talvez outros dos quais sentimos uma raiva intermitente e outros que nos são indiferentes).

A escola, com tudo o que engloba (aulas, horários, refeitório, amizades, testes, avaliações, visitas de estudo, biblioteca...) tem, por isso, aspetos que muitos pais consideram positivos e que outros consideram negativos.

Não acho bizarro quando um pai me diz que não gosta da forma como o refeitório funciona por exemplo... Ou quando uma mãe me diz que não concorda com uma festa qualquer que a escola vai organizar. Ou quando uma avó se queixa que sabe que a escola da neta de uma vizinha dela tem mais materiais de artes disponíveis, melhores aquecedores nas salas de aula, melhor comida no refeitório...

As pessoas não são obrigadas a gostar de tudo e, claro, nem tudo funciona bem. Ora, partindo do pressuposto que infelizmente, nas escolas existem por vezes várias coisas que não funcionam bem, é natural que os pais se queixem (e é até conveniente que o façam e digam de sua justiça).

Considero, no entanto, péssimo quando os pais decidem impregnar as mentes dos filhos com as suas queixas constantes em relação à escola.

E porquê?

Porque não estão propriamente a dizer de sua justiça aos filhos ou a partilhar as suas opiniões com os filhos.

Estão na realidade a fazer algo diferente. Algo perigoso. Algo tão perigoso, que pode influenciar para sempre os filhos: estão a gerar  nos filhos uma certa aversão à escola.

E depois tenho alunos com capacidades incríveis que passam as manhãs mal humorados a queixarem-se exatamente das mesmas coisas que os pais se queixam e que se calhar, se não estivessem tão focados nos problemas, tinham um melhor desempenho.

(from Chris Chatterton Illustrations) 

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Estarão as crianças a viver os problemas dos adultos?

(from Zara Kids)


Nunca assisti, como nestes últimos anos, a tantos casos de crianças emocionalmente instáveis e perturbadas, que passam os dias a falar de dinheiro (ou na falta dele), em separações e em problemas nos trabalhos dos pais.

As crianças devem fazer parte das conversas familiares, é verdade... Mas isso não implica que devam ouvir abertamente toda e qualquer conversa ou discussão. Não é justo para com elas. Se um adulto de 40 anos não consegue lidar com alguma situação, é suposto uma criança de 6 anos conseguir fazê-lo?


terça-feira, 4 de abril de 2017

Entrar para o 1º ano com que idade?

(Zara Kids)


A questão é tão antiga quanto controversa. Desde que me lembro desta questão ser abordada por pais e professores, sempre existiram três grandes tendências:

1) Quanto mais novas as crianças entram no 1º ano, mais depressa aprendem, mais depressa envolvem, mais depressa se transformam em alunos brilhantes

2) Quanto mais crescidas as crianças entram no 1º ano, mais maturidade têm na escola e mais depressa evoluem na aprendizagem

3) Quanto mais crescidas as crianças entram no 1º ano, mais desfasadas estão das crianças da sua idade e menos beneficiam da escola

A pergunta surge: qual a idade certa para entrar no 1º ano? A resposta é em forma de outra pergunta: será que existe uma idade certa? 

É que, reparem, eu não tenho dúvidas quanto ao seguinte:

Quando uma criança está no Pré-escolar e tem várias capacidades escolares adquiridas, não significa que na realidade esteja pronta para o 1º ano do 1º ciclo de escolaridade.

Como professora, dou mais importância à maturidade da criança do que propriamente às suas capacidades (se já desenha, se sabe recortar, se sabe pelo menos escrever o nome...)

(from Paperchase)


Ao longo dos anos, já conheci centenas de alunos e posso escrever com conhecimento de causa que um dos alunos que tive com melhores resultados consecutivos (sempre notas altíssimas) era um aluno que chegou ao primeiro dia do 1º ano sem saber absolutamente nada (nem pintar, nem o nome, nem segurar num lápis).

Também já conheci alunos que sabiam ler, escrever, desenhar, recortar e alguns até contar ainda antes de entrarem para o 1º ano. Poderão perguntar-se se esses alunos, tão adiantados em relação aos restantes, foram os que tiveram melhores resultados... Posso então explicar que 95% deles, não. Não tiveram melhores resultados.

Porém, algo que observo e que se repete ano após ano, turma após turma, é que sem dúvida nenhuma que não é a idade que influencia por si só o desempenho do aluno. É, na realidade, a sua maturidade.

Há crianças que com 7 anos de idade são desatentas, desinteressadas e que tudo o que anseiam é brincar o dia todo, se possível.
Assim como há crianças que com 5 anos de idade são responsáveis, interessadas e maduras.

A questão é só uma e resume-se a isto:

A criança tem uma vaga condicional/é um aluno condicional? 
Se a resposta a esta pergunta for sim, o melhor em 95% dos casos é ficar mais um ano no Pré-escolar. As crianças não perdem absolutamente nada. Têm mais um ano para amadurecer, brincar mais despreocupadamente e aprender com mais calma.

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domingo, 2 de abril de 2017

Ideias de organização para Barbies

(from Better Homes and Gardens)



Muitas Barbies pelo quarto? Nada mais prático do que um arrumador de sapatos ou chinelos daqueles que se penduram atrás das portas. Assim facilmente ao fim do dia se arrumam as bonecas.

sábado, 1 de abril de 2017

Como é que a Disney pode ajudar uma criança?

(from Flickr: Travel Shorts)



Já todos o sabemos: a Disney tem conseguido, ao longo de gerações, trazer as personagens mais mágicas de que há memória.

Mas de que forma pode, cada uma dessas personagens, ajudar uma criança em determinada situação dando-lhe conforto, compreensão? Que livro ler ou oferecer a uma certa criança numa certa fase da vida?

Crianças desmotivadas: A princesa e o sapo; Os Robinsons;

Crianças que se sentem fisicamente diferentes: Dumbo; O Corcunda de Notre Dame; À procura de Nemo; Pinóquio

Crianças que sofreram a perda de alguém: A princesa e o sapo; Bambi; O Rei Leão

Crianças que mudam de casa ou escola: Divertidamente;

Crianças que se sentem incompreendidas: A pequena sereia; Mérida; Lilo & Stitch; Monstros na Universidade

Crianças que se sentem ansiosas com problemas familiares: Peter Pan; Lilo & Stitch; Ratatui

Crianças que passaram pelo processo de adoção: Os Robinsons; Tarzan; O Bom Gigante Amigo

Para aprenderem a aceitar as diferenças: A Bela e o Monstro; O corcunda de Notre Dame; Zootrópolis

Para aprenderem a respeitar a natureza e os animais: Pocahontas; O livro da selva;

Para aprenderem a cuidar bem dos brinquedos e a aumentar a imaginação: Toy Story

Crianças que precisam de superar um acontecimento/fase: A viagem de Arlo; Ratatui; Up - Altamente!


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sexta-feira, 31 de março de 2017

Sapatos à prova da infância!

(from Puma and Petit and Small)

Já todos sabemos: sapatos para crianças devem ser confortáveis e de boa qualidade. A verdade é que as crianças gastam muito mais as solas e os tecidos dos sapatos do que propriamente os adultos.

Porém, com o tempo, fui percebendo que dentro de por exemplo a mesma marca, há modelos que são excelentes para crianças e modelos que, sendo caros, não apresentam a qualidade que seria necessária para os pés de uma criança.

Hoje vou falar a título de exemplo de um caso que já me apercebi: um dos modelos que considero pessoalmente muito giro (eu, por exemplo, tenho um par deles) e que é sem dúvida um dos modelos mais famosos da atualidade é, porém, um modelo que vejo constantemente roto nos pés dos meus alunos. Na realidade, não há aluno meu que tenha estes ténis e que eles não apresentem em cada pé um buraquinho à frente, perto dos dedos:

(from Nike) 


Já este modelo, que também vejo muito pelos pés dos meus alunos, parece ser bastante mais resistente e durável (apesar dos brancos se sujarem facilmente, existe o mesmo modelo em preto):

(from Nike)

(from Nike)

Por vezes, estes pequenos detalhes fazem a diferença nos sapatos infantis. A verdade é que tecidos muito fininhos acabam por não ser uma boa ideia para o quotidiano. 

Livros como amigos

(from Gap Kids)


Sempre que penso em livros, penso num dos meus poemas favoritos da escritora Luísa Ducla Soares:

" Livro
um amigo 
para falar comigo
um navio
para viajar
um jardim
para brincar
uma escola
para levar
debaixo do braço. 
Livro
um abraço
para além do tempo
e do espaço."

Afinal, qual a importância das crianças gostarem de ler? Notem que não escrevi "qual a importância de as crianças lerem" mas sim "gostarem de ler". 

É que, como bem calculam, ler e gostar de ler são coisas muito distintas. Ler é fundamental, gostar de ler é importantíssimo. 

Como professora, é por demais óbvio para mim verificar que os alunos que mais gostam de ler, são sempre os mais criativos nas composições, mas não só. 

São também os que escrevem melhor e os que dão menos erros ortográficos. Mas há mais: por vezes, são também os mais compreensivos. 

É que ler não nos faz expandir só a imaginação... Ler obriga-nos a conhecer várias realidades, várias personalidades... Ler faz-nos conhecer diferentes situações e formas de reagir. 

E para as crianças, ler dá-lhes algo inestimável: personagens amigas com quem se identificam. Não é por acaso que as crianças querem ouvir o mesmo livro vezes sem conta: criaram uma ligação emocional com as personagens. 

Por isso, concordo profundamente com a escritora Luísa Ducla Soares: um livro é mesmo um amigo...

(from Apartment Therapy)



domingo, 26 de março de 2017

Dormir na casa dos amigos: Sim ou Não?

(from H&M)

Esta questão popula a mente dos pais há muitos anos e volta e meia, leio artigos sobre o assunto e assisto a palestras onde se fala nisso (também). 

Antigamente, há muitos anos atrás, era altamente improvável que uma criança dormisse na casa de um amigo de escola. Isso acontecia por vários motivos mas sobretudo por um motivo lógico e inquestionável: se a criança tem uma casa e se não há nenhuma ocasião especial, porque motivo haveria de dormir numa casa alheia, alterando a rotina de uma família (que por muito que goste de receber visitas, se vê forçosamente com mais trabalho, mais responsabilidade e menos privacidade)? 

Com os anos, foi sendo cada vez mais comum as crianças dormirem na casa de um amigo, porém... Quão comum? E será que isso é positivo (porque há maior convivência) ou negativo? 

Ouvindo opiniões que vão desde Psicólogos, Professores e Pais, cheguei à conclusão que, para uma criança em idade escolar (e quem diz crianças, diz adolescentes até aos 18 anos) dormir em casa de amigos, quando feito com mais frequência do que a suposta, é negativo. 

Qual é então a frequência suposta? 

Bem, vamos por partes. Que acontecimento leva a que uma criança durma na casa de outra? Uma festa de aniversário? Uma visita de estudo? Ou simplesmente porque se lembraram disso? 

Isso acontece uma vez por período escolar? Uma vez de 2 em 2 meses? Uma vez por mês? Uma vez a cada quinzena? Uma vez por semana (custa-me a acreditar que existam casos como este último de uma vez por semana, mas ainda assim, achei melhor citá-lo)?

A Psicóloga Laura Kirmayer (doutorada em Psicologia Clínica) trabalha no Child Mind Institute e defende que a dormida na casa de um amigo pode trazer muitos benefícios para a criança, mas deve ser ideia da criança e não do adulto/pai/mãe. 

Mais, a Dra Kirmayer defende ainda que, apesar das dormidas na casa dos amigos poderem ser divertidas, não é de todo verdade que só as dormidas nas casas dos amigos ajudem a criança a ser mais sociável. 
Assim, a Dra Kirmayer explica que muitos pais acham que as dormidas nas casa dos amigos são extremamente importantes para a socialização e a perda de timidez das crianças.

Acontece que, segundo a psicóloga, isso não é necessariamente verdade, defendendo que os encontros para brincar servem perfeitamente para ajudar na socialização da criança e chegam por si só

O Psicólogo Robert Myers explica também que as crianças devem conseguir lidar com a falta de rotina, mas que as crianças precisam muito de rotina, pelo que se a rotina é interrompida várias vezes, isso gera ansiedade, insegurança e irritabilidade na criança. 

Isto significa que, apesar de os pais deverem ajudar as crianças a lidar com imprevistos, quebrar a rotina do quotidiano constantemente não só não ajuda em nada a criança, como na realidade prejudica. 

A organização Healthy Children defende precisamente a mesma posição: "children do best when routines are regular, predictable and consistent" : as crianças reagem melhor quando têm rotinas regulares, previsíveis e consistentes. 

Voltando então à questão: qual é a frequência certa de dormidas nas casas dos amigos? 

A resposta parece intuitiva: a frequência necessária e básica (nem nenhuma, nem demais).

Há uma festa de aniversário especial que calha a uma sexta-feira ou a um fim-de-semana? Dormir na casa de um amigo da escola pode ser giro e ajudar a criança a ser mais independente. 

Há um jantar de família fora? Dormir na casa dos avós pode ser bom para algum tempo de qualidade entre avós e netos. 


(from Vermont Country store)

Mas quando é que é demais e acaba por prejudicar (e muito) a estabilidade emocional e social da criança? 

1) quando as crianças vão dormir a casa dos amigos algumas vezes sem motivo nenhum aparente e num espaço de tempo curto. Dormirem na casa de um amigo num fim-de-semana 1 vez por mês já é mais do que suficiente, pelo que provavelmente o aconselhado seria 1 vez a cada 2 meses ou 1 vez por período escolar.

2) quando as crianças dormem várias vezes na casa de amigos ou conhecidos durante a semana (em que no dia seguinte têm aulas)  

Eu, pessoalmente, não consigo concordar de maneira nenhuma com as dormidas na casa de amigos em dias de escola

Como professora, já constatei que uma percentagem grande das crianças que dormem durante os dias de escola na casa dos amigos, têm curiosamente: 

- mais queixas recorrentes psicossomáticas e físicas ("dói-me a barriga", "dói-me a cabeça", "não me sinto bem")

- piores resultados escolares nesse período de dormidas (subitamente descem as notas, fazem os trabalhos de casa de maneira mais despreocupada e descuidada. Já perdi a conta ao número de vezes que um "Muito Bom" desceu para "Suficiente" ou que um "Bom" desceu para "Insuficiente" na mesma fase em que duas crianças têm convivido mais em dormidas na casa uma da outra em dias de escola. 

- mais sono, pelo que volta e meia começam subitamente a queixarem-se de sono e de cansaço 

- mais chamadas de atenção, onde explicam que a mãe ou o pai não têm tempo para elas (na realidade, o que se passa é que as crianças não estão é a passar o tempo que precisam com os pais, para se sentirem amadas e equilibradas). 


Claro, para tudo na vida há exceções, pelo que excluo aqui as exceções. Porém, devo dizer que, até hoje, nestes últimos anos, nunca conheci nenhuma criança que, dormindo com frequência a mais na casa de amigos, não tenha saído prejudicada de alguma maneira. 

Por isso, temos a concluir daqui que: 

As dormidas nas casas dos amigos podem ser muito positivas para a auto-estima, socialização e independência de uma criança, quando são esporádicas (1/2 vezes por período escolar) e em dias de férias ou fim-de-semana.  Só. 

Em dias de escola: rotina, rotina, rotina. 

E as dormidas na casa dos avós? 

Como em tudo na vida, há que haver moderação pelo que é precisamente a mesma coisa: em dias de semana, evitar. Fins-de-semana: claro, o amor de avós é dos melhores do mundo!