domingo, 9 de julho de 2017

A birra monumental no meio do shopping

(from Pinterest)


O caso repete-se tantas vezes que já o posso descrever de cor e salteado:

1) a criança vê um brinquedo ou doce que subitamente quer
2) o pai/mãe/avó/avô ignora
3) a criança insiste cada vez mais alto já com as mãos no brinquedo/doce
4) o pai/mãe/avó/avô diz que não vai comprar
5) a criança grita, gesticula e faz comentários inacreditáveis para uma criança da sua idade
6) o pai/mãe/avó/avô acaba por comprar o dito brinquedo/doce OU acaba por comprar um diferente mais barato

No fundo, no fundo, estão a fazer algo do género: estás tão insuportável que pronto, toma lá o camião do mickey e vamos andando que tenho o jantar para fazer.

Trocado por miúdos: Valeu a pena gritar. Para a próxima grito mais alto ou então choro um bocadinho com mais força, se calhar conseguia o super camião do mickey.

O que fazer, então? 

Regra número 1: Nunca, jamais, em tempo algum, voltar com a palavra atrás. Se foi dito à criança que o brinquedo não vai ser comprado, o brinquedo não pode ser comprado, sob circunstância nenhuma.
O adulto deve distrair a criança com outros assuntos. O ideal é sair da loja ou do lugar, para que a criança perceba que não vale a pena continuar com a pressão psicológica.
Se nos apetecer muito uma fatia de um bolo de chocolate e estivermos à frente do bolo, vamos pedi-lo e insistir. Se nos levarem para longe do bolo, a probabilidade de querermos insistir para que nos ofereçam uma fatia do dito bolo que ficou lá atrás é muito menor... Posto isto: sair do lugar e explicar o porquê de o brinquedo não ter sido comprado "este mês não podemos gastar mais dinheiro, fica para outro mês quando pudermos" ou "hoje não te portaste bem, fica para a próxima vez".

Regra número 2: Nunca, jamais, em tempo algum, tentar evitar a birra da criança, comprando outra coisa qualquer. Não, não e não. A vida real não é assim. Educar uma criança é também ajudá-la a adaptar-se à vida real. Não temos de receber presentes sempre que nos apetece receber ou sempre que pedimos. Ponto final.

Regra número 3: Não prometer à criança que se parar com a birra, recebe o brinquedo. Não prometer nada. O brinquedo não pode ser comprado por este ou aquele motivo. Ponto final.

Esta regra é especialmente importante pois quando prometemos a alguém que se parar com um mau comportamento, lhe damos algo, estamos a ensinar a pessoa a agir bem só quando recebe alguma coisa em troca.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Protetor solar para crianças: qual escolher?

(from Mrs Fields)


Já todos o sabemos e no entanto, há sempre uma primeira vez para um escaldão. Parece inevitável. Mas não é.

Os escaldões são perigosos. Esta é talvez a informação mais repetida todos os anos por todo o lado... Mas será que a maioria dos pais tem uma noção real do quão perigoso pode ser um escaldão?

Um escaldão não faz estragos só na "pele". Na realidade, um escaldão causa uma inflamação mais profunda, pelo que não basta a pele cair e nascer uma nova pele para tudo estar resolvido.

Os estragos de um escaldão podem surgir por exemplo vários anos depois do dito dia de praia e se surgirem, não trazem nada bom.

Por isso, é fundamental seguir religiosamente 3 regras de segurança para as crianças:


  1. Não estar ao sol (muito menos na praia) nas horas de maior calor. Chega a ser quase criminoso deixar crianças na praia (mesmo que debaixo do chapéu) ao meio-dia ou à uma da tarde, com o pretexto do "mas está à sombra". A "sombra" não protege assim tanto e o calor excessivo provoca desidratação e choques térmicos nas crianças. 
  2. O FPS do protetor é importantíssimo, mas mais importante ainda é a quantidade de vezes que se põe o protetor. Não basta pôr o protetor 1 vez e achar que a criança está segura até às seis da tarde...
  3. Água, água, água: as crianças (e os adultos) em clima quente têm obrigatoriamente de beber muita água. A nossa pele precisa de água para estar hidratada e não envelhecer prematuramente

Qual o protetor solar melhor? É difícil dizer, primeiro porque depende do tipo de pele da criança e depois porque o que funciona bem numa pessoa não funciona bem noutra. No entanto, é sempre bom fiarmo-nos mais em estudos e menos em "publicidade". 

Segundo um estudo da Deco, eis alguns exemplos dos aparentemente melhores protetores do mercado:







A "meia hora extra" de recreio no 1º ciclo (explicada)

(from Gap Kids)

Começaram a aparecer um pouco por todo o lado notícias repetidas de que, a partir de setembro, os alunos do 1º ciclo do ensino básico terão direito a meia hora extra de tempo de intervalo.

Mas o que é que isso significa, trocado por miúdos? 


Significa que a partir de setembro, essa meia hora extra de tempo passado fora da sala de aula está incluída no conjunto de 5 horas diárias de componente letiva (aulas) do professor. Assim, em vez de as 5 horas serem passadas a ensinar e a dar aulas, o professor ensina durante quatro horas e meia. 

Como essa meia hora de intervalo vai contar como "tempo de aulas", é como se o professor estivesse na sala de aula com os alunos, sem estar, durante essa meia hora.

Mas isso significa que os alunos ficam com um super intervalo a meio da manhã ou a meio da tarde? 

Não. Significa que os alunos em vez de terem 5 horas de aulas, passam a ter quatro horas e meia de aulas. 

Posto isto, os horários vão ser "redesenhados". As hipóteses até agora avançadas são: 

  1. As aulas passariam a começar meia hora mais tarde do que o normal
  2. O horário de almoço passaria a ser de 2h (em vez de ser de 1:30h) 
  3. As aulas passariam a acabar meia hora mais cedo do que o normal 

terça-feira, 4 de julho de 2017

Livros para as férias grandes




As férias grandes chegaram e com elas chegaram os comentários: "não há nada para fazer" e os suspiros profundos depois de umas poucas horas em casa a ver televisão.
Por isso e porque, felizmente, o número de crianças e jovens que gostam de ler tem crescido, deixo-vos uma lista (certamente incompleta) de algumas leituras divertidas e adequadas a cada faixa etária. 

Já dizia a escritora Luísa Ducla Soares, o livro é mesmo "um amigo para falar comigo" e neste caso, com eles. 

Alunos do 1º ciclo do ensino básico: 

Alunos do 2º ciclo do ensino básico:

Alunos do 3º ciclo do ensino básico:







sábado, 1 de julho de 2017

Nunca se chumbou tão pouco... MAS PORQUE SERÁ?

(from Paperchase)


Li uma notícia que, em 16 anos, nunca se chumbou tão pouco, de uma forma geral, como no ano letivo passado. Quem lê de relance a notícia, atento ao estado geral do país e do mundo, fica com a sensação que o ensino, de uma forma geral, melhorou.

Há menos chumbos... Talvez isso signifique que a qualidade das aulas está melhor, que os professores estão mais motivados, que os alunos estão mais estudiosos, que afinal de contas, as salas de estudo que aparecem como cogumelos numa floresta um pouco por toda a parte estão a dar frutos...

Só que... Não.

Vamos por partes e com muita calma, que assuntos destes assim o exigem. Importa fazer a pergunta que não quer calar: por que é que há muito menos chumbos? 

Qual o verdadeiro motivo? Quem não vive dentro das teias do ensino e não está habituado a movimentar-se entre elas, não tem uma noção real do que se passa nos bastidores das reuniões de professores e das diretrizes que os agrupamentos gostam de fazer chegar aos professores.

Quem é professor, porém, sabe isto tão bem como quem escova os dentes ao fim de um dia de cansaço em piloto automático ou como quem pedala uma bicicleta, se tudo o que fez na via foi pedalar:

Para chumbar, hoje em dia, um aluno, é preciso quase enviar um requerimento ao Papa, porque de outra forma, são arranjadas todo o tipo de opções e soluções para que não se chumbe o aluno.

E porquê? Podem vocês perguntar-se: porque assim, as taxas de retenção diminuem e isso significa bons resultados: os agrupamentos estão a fazer um excelente trabalho, o país está excelente.

Só que... Não.

Eu, que em tempos idos já muito me debati para que não chumbassem este ou aquele aluno pois considerava que tinham capacidades para prosseguir para o ano seguinte e que chumbar não os ajudaria em absolutamente nada... Eu: a defensora de que, por vezes, não adiante nada chumbar um aluno... Eu, até eu! Até eu acho que se caiu num exagero tremendo, em que ninguém chumba.

Há alunos em que chumbar não os ajuda. Vamos supor um jogador de futebol de uma escola de bairro. Já está cansado de treinar sempre os mesmos passos, já os sabe de cor, mas por algum motivo, não os faz bem.
Retê-lo sempre no mesmo nível vai desmotivá-lo e nem sequer o vai fazer melhorar nos mesmos passos, que ele já sabe. Vai fazê-lo estagnar. Talvez indo para o nível seguinte, consiga absorver outras técnicas e consiga preencher as lacunas daquele passe que ele não conseguia fazer.


Mas hoje em dia, não interessa que o aluno nem saiba ler ou contar, chega ao sexto ano à mesma. Ou ao sétimo até. Não sabe ler nem interpretar textos, não consegue responder a perguntas de testes de avaliação...
Mas insistem que para o ano é que aprende, quando o grau de exigência é cada vez maior.

Este aluno é o jogador da escola de bairro que não sabe sequer o passe. Como se faz, quando se faz, porque é que se faz. Não o sabe sequer, por isso não o pode treinar sozinho. E querem pô-lo em níveis superiores.

É mais ou menos como pô-lo a jogar futebol na seleção nacional, sem nunca ter conseguido sequer marcar um golo lá nos tempos de escola de futebol do bairro.

É mais ou menos isso.
As escolas de futebol do bairro ficavam com fama de terem feito chegar centenas de jogadores à seleção nacional. Só há o pequeno pormenor de os jogadores não conseguirem sequer jogar. Mas o que interessa é que chegaram à seleção nacional... Não é?