terça-feira, 21 de março de 2017

"A tua irmã não é nada assim": quando as comparações são perigosas

(from Pepe Jeans Kids)


Theodore Roosevelt escreveu e bem: "Comparison is the thief of joy", ou seja, "A comparação rouba a alegria".

Os Brasileiros até têm uma expressão que gosto muito, muito engraçada quando vão de férias para um país estrangeiro que é algo como: "quem converte não se diverte", isto porque, se passarem a viagem de férias inteira a converter e a comparar o valor em reais e na moeda estrangeira, deixam de se divertir.

Comparar é necessário, mas também é perigoso, quando feito em demasia.

Supondo que queremos comprar uma máquina de lavar a roupa, de um certo modelo. Comparar o preço dessa mesma máquina de roupa em três lojas diferentes de um shopping, não tem nenhum ponto negativo: é a mesma máquina, tem as mesmas especificidades, enfim, é tudo igual.

Mas será que compararmos experiências, lugares, acontecimentos de vida, pessoas, é boa ideia?

Do ponto de vista motivacional, a comparação pode ser-nos útil para nos espevitar a alma: analisarmos o que é que os outros fizeram que lhes proporcionou sucesso e analisarmos o que é que fizemos que nos levou ao fracasso.

Mas é só isso.

Porque vejamos: se eu comparar as minhas férias em Londres com as férias de uma amiga minha em Nova Iorque e com as férias dos meus vizinhos às Ilhas Fiji, será que tiro daí algum tipo de conclusão útil?

Sim, nas Ilhas Fiji tinha aproveitado mais dias de sol e mar. (Se calhar devia ter ido para uma zona de praia). Sim, em Nova Iorque tinha podido visitar muito mais lugares que me entusiasmam e Londres já conheço bem (se calhar devia ter poupado mais meses e ido para Nova Iorque).

De repente, as minhas férias em Londres deixam de parecer tão boas.

Será que isso não me rouba a alegria inicial das minhas férias, mesmo que me tenha divertido, mesmo que Londres fosse precisamente o sítio onde queria passar as bem ditas férias? Rouba pois. Discretamente. Qual ladrão que entra de fininho sem ninguém dar conta.

O mesmo se passa quando se comparam irmãos. Não é possível comparar Nova Iorque, Londres ou as Ilhas Fiji. Não têm nada a ver!

Cada um dos lugares tem a sua beleza. Há quem ache Nova Iorque muito degradante e consumista e prefira as ruas clássicas e bonitas de Londres. Há quem considere as Ilhas Fiji sobrevalorizadas e prefira uma boa semana no Algarve e usar o resto do dinheiro noutra coisa.

Não dá para comparar.

Muito menos dá para comparar irmãos. Sim, vivem na mesma casa. Sim, receberam a mesma educação. Mas um gosta de preto e outro adora branco. Um tem facilidade em Matemática e outro é um pequeno génio das Artes. Um é extrovertido e consegue fazer rir qualquer pessoa, outro é incrivelmente tímido e observador.

Só dava para compará-los com justiça se ambos fossem iguais: mesmos genes, mesmos gostos, mesmas aptidões, mesmas capacidades.

E felizmente (essa é a piada do ser humano) as pessoas não são máquinas produzidas em grande escala e sempre iguais.

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