domingo, 9 de outubro de 2016

Quando eles sentem que não têm amigos...

(from Mosuno, in Stocksy United)

Já todos devíamos saber (muito embora às vezes não queiramos) que amigos, no verdadeiro sentido da palavra, são seres tão raros na nossa vida como aqueles momentos únicos na nossa vida (o primeiro dia de escola, o casamento, o nascimento de filhos...) Por outras palavras, contam-se pelos dedos de uma mão (e não há mal nenhum nisso, pois como já dizia alguém, poucos mas bons).

Mas e se para nós adultos, é difícil gerir amizades (e trabalhá-las, nutri-las e aguentar alguns sapos) para as crianças é ainda mais difícil. As amizades entre crianças não são em si tão difíceis de nascer como as dos adultos, mas têm subtilezas que às vezes as dos adultos não têm (assim como têm por outro lado outra simplicidade).

Mas entre as subtilezas complexas, está... A frontalidade às vezes impensada. Se um grupo da turma não gosta de algum aluno da turma, de repente ninguém gosta dele. E se lhes apetece dizer que o novo penteado de alguém é feio, dizem-no sem dó nem piedade. Ou se notam que as calças de alguém da turma não foram passadas a ferro, não se ensaiam de dizer logo que as calças devem ter sido encontradas no lixo.

Assim, volta e meia aparece uma criança constantemente sozinha no intervalo, que pouco ou nada diz numa tentativa feroz de se manter de certa forma invisível.

E não me conformo com isso. Considero que é tão, mas tão importante crescermos com pelo menos alguma fé na humanidade. E essa fé na humanidade começa em vermos o quão bons os outros podem ser. Essa bondade vê-se, também mas não só, na amizade. Em termos amigos. Em sabermos que o mundo lá fora pode estar um desastre total, mas temos os nossos amigos. Por isso, depois há que trabalhar isso com a turma. Perceber o problema e resolvê-lo o quanto antes. Trabalhar para que toda e qualquer criança tenha amigos e que cresça com esperança na humanidade.

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